Algum tempo atrás, a partir da inquietação com os caminhos da hermenêutica bíblica em nosso país, surgiu a ideia de escrevermos sobre o tema. Logo, concluímos que deveríamos desenvolver um material com duas características básicas: um trabalho em que nós três exercitássemos a hermenêutica conjuntamente e que os resultados viessem a público para que pudéssemos ter acesso ao julgamento,  à participação e às sugestões de outras pessoas interessadas, a fim de que o aspecto coletivo de nosso exercício se completasse.

O eixo central que orienta o debate desenvolvido neste livro é a inter-relação entre gênero e religião. Entendemos, como Scott, que “gênero é um elemento constitutivo de relações sociais baseado nas diferenças percebidas entre os sexos, e o gênero é uma forma primeira de significar as relações de poder”. E, como ela, afirmamos que utilizar a categoria gênero em análises sociais, significa rejeitar explicitamente as justificativas biológicas para as desigualdades nas relações sociais entre os sexos.

“Ignorado nos palácios do poder. Deus faz ouvir sua voz através de um simples pastor para denunciar os poderosos e todos aqueles que escolhem o interesse, a cobiça e a ganancia de possuir como regra de vida, gerando o sofrimento dos mais pobres. A voz do profeta é a voz de Deus; e essa voz ressoa sempre a favor dos pequenos. É isso que a profecia de Amós ensina, e o Padre Francisco Cornélio tão bem demonstra com esse livro. Realmente, a justiça social é o tema profético por excelência, principalmente em Amós.”. ALBERTO MAGGI – Biblista Italiano.

Tomando como base o tema “A Divisão do Reino Unido de Israel”, a proposta se estrutura encima de cinco partes principais, das quais emergem o seu propósito central. A primeira trata do contexto e das circunstancias que forçaram o estabelecimento da Monarquia, com ênfase nas suas evidencias internas e externas do processo que a originou; A segunda analisará o governo de Saul, procurando explicitar a sua relação com o antigo sistema e os pormenores da sua fraca atuação; A terceira estuda o período de Davi, enfatizando as suas conquistas como marco de referência da formação de um império jamais conquistado antes e depois da sua era, como também registrar os pontos negativos do seu governo em função dos seus erros cometidos. A quarta se ocupa em estudar o governo de Salomão a fim de encontrar o ponto de desequilíbrio que faria de um reino de paz e prosperidade se tornar um caos depois de sua morte, com ênfase nos acontecimentos que preparam o cenário para a queda da monarquia. E, finalmente, a quinta trabalha em cima de uma resenha histórica dos três reinados, para se determinar, a partir dos seus desdobramentos administrativos a mais profunda causa que provocou o colapso.