A questão da espiritualidade vem ganhando uma atenção crescente nesse século XXI, numa perspectiva que é singular e que se distingue da religião. Identifica-se sobretudo como uma atitude que reintegra o lugar central da vida. Ela “nasce da gratuidade do mundo, da relação inclusiva, da comoção profunda, do sentido de comunhão que todas as coisas guardam entre si, da percepção do grande organismo cósmico, pervadido de acenos e sinais de uma Realidade mais alta e última”1. A espiritualidade diz respeito a “qualidades do espírito humano” (Dalai Lama) entre as quais podemos identificar o cuidado, que é uma dimensão ontológica do ser humano. É através do cuidado, do zelo, da diligência, do bom trato e da atenção que o ser humano revela a sua dimensão de generosidade essencial.

Livro pequeno e numa linguagem acessível, denso e profundo em seu conteúdo, nos revela algumas das principais características do seminal e audacioso pensamento alvesiano, articulado, agora, no plano de uma vida pessoal que acolheu seus desafios e se propôs a vive-los em toda a sua inteireza. Amante da vida, como o seu inspirador, autor procura nos transportar para o espaço lúdico e teopoético que Rubem Alves sempre habitou.

O historiador Jair de Almeida Junior propõe, nesta obra de grande porte, uma visão de fundo sobre os processos de legitimação religiosa do poder e da ordem social no quadro da civilização ocidental, extraindo uma chave de leitura para se compreender os modos como foi sendo legitimada a colonização europeia dos povos ameríndios, depois mesclados sob o nome de americanos, e a assunção civilizacional de uma soberania não só política, mas também cultural e mental.