Descrição
A temática dos símbolos e do esoterismo nos levou ao encontro da enigmática gravura “Melencolia I”, de Albrecht Dürer. Por trás dessa obra, desvela-se uma surpreendente atmosfera renascentista em torno do tema da melancolia que, segundo pesquisas, fez com que médicos, filósofos e teólogos se detivessem, por séculos, no estudo desse humor. Historicamente estabelecida, a melancolia tornou-se um sintoma dos grandes intelectuais, aqueles eruditos que, na eterna busca pelo saber e enfrentando as limitações da cognição humana em conhecer, mergulharam num estado de melancolia, ou de acídia, como era denominada a melancolia no período medieval. A grande importância dada ao melancólico levou Dürer a produzir “Melencolia I” como um tributo ao estado de ânimo que atingia os grandes sábios. Porém, sua obra não é simples. A quantidade de símbolos expostos na gravura reflete uma outra realidade: a realidade esotérica. Partindo dessa compreensão e munido de uma compilação científico-bibliográfica, nossa pesquisa deseja abordar o caráter esotérico em “Melencolia I”. Assim, exploramos o contexto filosófico e religioso do Renascimento para compreender o ambiente intelectual que impulsionou a confecção da obra. O neoplatonismo florentino, a grande confluência dos estudos humanísticos e o desabrochar do esoterismo, como a Alquimia e a magia, foram elementos-chave no contexto renascentista que, chegando à Alemanha, influenciaram Dürer a executar uma de suas mais famosas obras: “Melencolia I”. Como resultado, a pesquisa encontrou uma hermenêutica para a gravura a partir do contexto cultural em que ela foi produzida. Levamos em consideração os aspectos do esoterismo, tão enaltecidos e promulgados no período, sobretudo pela Academia Neoplatônica de Florença. Também encontramos indícios de que alguns aspectos da vida do artista podem ter influenciado a temática de “Melencolia I”