Descrição
Ao focar no estádio do espelho levo ao leitor a refletir sobre como o sujeito obeso se percebe e constrói sua identidade a partir da imagem corporal, que pode estar distorcida ou fragilizada. O traço unário lacaniano aqui é crucial, porque se refere à marca singular que constitui o sujeito, e a obesidade pode ser entendida como parte desse traço que “grava” uma diferença que precisa ser decifrada na análise.
No que tange à identificação freudiana, penso em como as figuras maternas e paternas enlaçadas ao intercâmbio alimentar são relevantes, pois essas primeiras relações objetais moldam o modo como o sujeito lida com o corpo e suas demandas. A gordura, pode funcionar como um véu que encobre uma falta mais profunda, algo que a análise deve desvendar.
A escolha de um estudo de caso único, como no caso de Maria, me permitiu mergulhar na sua história, oferecendo uma lente através da qual é possível compreender como o discurso se organiza em torno da busca pela cirurgia como uma solução imaginária. A análise proposta não apenas busca desvendar o que a gordura esconde, mas também sublinha a função do analista em ajudar o sujeito a perceber que a questão vai além do corpo físico.
Esse ponto é crucial, pois evidencia a importância de entendermos a obesidade para além de um corpo multifacetado, mas de um corpo atravessado pela linguagem. Tenho um corpo ou sou um corpo.
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